Novas formas do buscar no Google estão mudando o comportamento do usuário

De aplicativos a eletrodomésticos, a IA já transformou o modo como interagimos com a tecnologia. E essa revolução chegou à principal porta de entrada da internet: o Google. Estamos diante de uma mudança histórica na forma como os usuários se relacionam com os mecanismos de busca, e nas estratégias de SEO e marketing digital que sempre dependeram do tráfego orgânico. Neste artigo, analisamos os dados do primeiro grande estudo sobre o impacto da nova IA generativa do Google na experiência de busca e no comportamento do usuário. A seguir, você confere os principais insights e o que muda, na prática, para quem trabalha com presença digital.
05/06/2025 14 minutos de leitura

O que a IA mudou na busca do Google

A entrada da inteligência artificial nos mecanismos de busca transformou de forma significativa a maneira como os usuários interagem com os resultados. Vivemos uma nova dinâmica de pesquisa: existem novas formas de buscar no Google, e essa é a maior mudança comportamental da história da busca online. Os impactos já são sentidos tanto pelos usuários quanto por sites e profissionais de SEO.

Como a IA mudou a estrutura da SERP

Uma das mudanças mais visíveis trazidas pela IA generativa do Google foi a introdução de resumos automáticos no topo da página de resultados, os chamados AI Overviews, ou visão geral criada por IA. Esses painéis respondem diretamente à dúvida do usuário, alterando a função e o design da página de resultados (SERP). O clique, que antes era o próximo passo natural, agora se tornou opcional.

Para o usuário, a mudança é prática: as respostas vêm prontas, sem necessidade de acessar um site. Para sites e marcas, isso representa uma ruptura no modelo tradicional de tráfego orgânico, e exige uma reavaliação completa das estratégias de aquisição digital.

O papel das respostas geradas por IA (AI Overviews)

As respostas automáticas geradas pela IA do Google estão no centro dessa transformação. Isso porque, ao oferecer resumos instantâneos e autoexplicativos no topo da página, o Google deixa de ser apenas uma ponte entre usuário e conteúdo, e se torna curador e (em muitos casos) o destino final da jornada de busca.

Simulação da página de resultados com as novas formas de buscar do Google, exibindo resultados de IA.

Novas formas do buscar no Google

De acordo com a pesquisa The first-ever UX Study of Google’s AI Overviews: The Data We’ve All Been Waiting For realizada por Kevin Indig em 2025, 88% dos usuários clicam para expandir os resumos gerados por IA, mas poucos chegam ao final da leitura. A atenção se concentra nos primeiros 30% do conteúdo, isso significa que, se sua marca não aparece logo no início, ela dificilmente será percebida.

Mais do que cliques, agora o que importa é aparecer e ser reconhecido. Entramos na era da “visibilidade sem visita”.

Redução de cliques e crescimento das zero-click searches

A chegada das respostas geradas por IA tornou real uma tendência que já preocupava o mercado: a explosão das zero-click searches, buscas em que o usuário encontra sua resposta diretamente na SERP, sem precisar clicar em nenhum resultado externo. Agora, com a IA generativa do Google oferecendo respostas completas, o clique virou exceção.

Segundo o estudo, a presença dos painéis de IA derruba drasticamente os cliques em links tradicionais. No desktop, a taxa de cliques para fora do Google cai até dois terços quando há um resumo de IA visível. No mobile, a queda também é significativa, chegando a quase metade dos cliques perdidos.

Figura de mouse com símbolo de proibição em cima, zero click searches, são as buscas que não precisam de cliques.

Mas, calma! Isso não é motivo para pânico e muito menos para falar mais uma vez que o “SEO morreu”, muito pelo contrário. Criar conteúdo otimizado se tornou ainda mais estratégico.

O comportamento do usuário na era da IA

Com resumos automáticos cada vez mais completos, o que antes era um processo de exploração se transformou em uma experiência de escaneamento rápido, decisão precoce e menos engajamento com conteúdos externos.

Comportamento de leitura

A leitura nos painéis de IA é predominantemente superficial. O estudo mostra que 86% dos usuários apenas “passam os olhos” pelos conteúdos. O padrão dominante é o da leitura fragmentada, feita em poucos segundos. Em média, os usuários gastam entre 30 e 45 segundos nos resumos, mas apenas 30% chega a rolar até metade do painel.

O recado é claro: ninguém está lendo tudo. O comportamento digital atual é de escaneamento por blocos, em busca de respostas rápidas e confiáveis (isso já é uma dica do que as otimizações de conteúdo devem priorizar!).

Como os usuários consomem conteúdos gerados por IA

Os AI Overviews são tratados como fontes de decisão, não de descoberta. A maioria dos usuários conclui suas tarefas dentro do próprio resumo de IA ou apenas com uma checagem rápida em fóruns ou vídeos.

Além disso, quanto maior o risco da decisão (como finanças ou saúde), maior a tendência de o usuário buscar validação externa. Mas mesmo nesses casos, a resposta da IA generativa é o primeiro filtro, e influencia fortemente a decisão.

Preferências dos usuários

A forma como a informação é apresentada faz toda a diferença. O que chama mais atenção?

  • Bullets organizados
  • Tópicos destacados
  • Blocos curtos com linguagem simples
  • Citações visíveis no topo

Esse formato agrada especialmente usuários mais jovens e mobile-first, que já estão habituados a navegar por feeds, cards e resumos. O estudo mostra que quanto mais visual e objetivo o conteúdo, maior a chance de engajamento e confiança.

Para marcas, isso significa que conteúdos longos e técnicos devem ser quebrados em blocos, marcados com dados estruturados (schema) e otimizados para leitura rápida se quiserem ter alguma chance de aparecer (e influenciar) nos resumos da IA.

A nova hierarquia de decisão do usuário

Na nova era da busca, a forma como o usuário toma decisões mudou. Antes, a lógica era linear: buscar, clicar, comparar, decidir. Agora, o que vemos é uma jornada mais curta, com múltiplas fontes sendo consideradas ao mesmo tempo, dentro e fora do Google.

Jornada mais curta

Muitos usuários nem chegam a rolar a tela, e cerca de 70% das decisões são tomadas com base apenas nos primeiros blocos visíveis das repostas geradas por IA. Isso significa que para muitas buscas, o clique foi substituído pela leitura superficial e imediata do resumo gerado por IA.

Mesmo em buscas comerciais, os usuários resolvem suas dúvidas de forma mais rápida, recorrendo ao que está à mão: IA, destaques visuais e, no máximo, uma validação pontual em uma fonte confiável (como Reddit ou YouTube). O resultado é menos tempo em busca, menos navegação e mais decisões “na primeira impressão”.

Confiança distribuída em múltiplas fontes

Outro dado valioso do estudo é a nova lógica mental que guia o usuário na hora de escolher em quem confiar. A tomada de decisão agora segue dois filtros, em ordem:

  1. “Eu confio nessa fonte?”
  2. “Isso responde minha pergunta?”

A confiança se tornou o primeiro critério e ela é construída de forma distribuída. O usuário avalia:

  • Se a fonte citada no resumo de IA é confiável (é um .gov, uma marca conhecida, um portal de autoridade?)
  • A reputação da marca no imaginário coletivo (já ouvi falar?)
  • A presença em outros canais (Reddit, YouTube, fóruns)
  • A clareza e segurança da resposta

Isso cria um ambiente em que nenhuma fonte domina sozinha a decisão. Mesmo que a IA do Google apresente uma boa resposta, o usuário ainda pode buscar uma validação humana, um vídeo com demonstração ou uma opinião “de verdade” em fóruns.

Estamos diante de um novo padrão de comportamento: decisão por confirmação cruzada.

Diferenças demográficas

O comportamento digital de busca também varia de acordo com a idade. Usuários entre 25 e 34 anos, especialmente os que utilizam dispositivos móveis, são os mais adaptados ao novo formato de buscas com IA. Eles confiam nos resumos de IA, tomam decisões rápidas e preferem respostas visuais e diretas. Neste grupo, estes resumos são o ponto final da jornada.

Já entre usuários com 45 anos ou mais, o comportamento é bem diferente. Eles tendem a confiar menos em respostas automatizadas, priorizando links tradicionais, domínios de autoridade e resultados orgânicos clássicos. Esse grupo ainda navega pela SERP como antes: compara, clica, lê com mais profundidade e valida as informações em várias fontes.

Por que isso importa?

Essas diferenças ajudam a entender melhor o comportamento do usuário e a guiar as estratégias de conteúdo e SEO com mais precisão. Não dá mais para apostar em uma abordagem única; são muitas mudanças desde a transformação da SERP, até a mudança radical do comportamento dos usuários. É preciso segmentar por perfil demográfico, entender o que cada público mais valoriza na experiência de busca.

O impacto real das respostas geradas por IA no tráfego orgânico

As respostas geradas por IA estão drenando o tráfego orgânico, e a nova dinâmica da SERP mudou o papel dos sites na jornada do usuário. A visibilidade orgânica ainda é essencial, mas agora, as métricas e a relação dos usuários com as informações são diferentes.

Logo do Google com gráfico em queda em frente, para queda do tráfego orgânico.

Queda no tráfego: o que está acontecendo?

A exibição dos painéis de IA reduz a taxa de cliques para fora do Google por oferecer a resposta da busca diretamente na SERP. Isso significa que mesmo que o conteúdo esteja lá, ranqueado, citado ou referenciado, ele pode não gerar nenhuma visita.

Mas isso não significa que estar presente nos painéis de IA é irrelevante. Pelo contrário: estar visível é uma das coisas mais importantes neste novo cenário, mas medir apenas cliques e CTR já não é deficiente para avaliar os resultados. É hora de adotar uma nova lógica de mensuração, mais voltada à visibilidade, autoridade e influência, e menos dependente da métrica tradicional de acessos.

A ascensão dos canais de validação comunitária

Mesmo com a popularidade da nova inteligência artificial do Google, que agora responde diretamente na SERP, os usuários continuam buscando validação humana. Quando a dúvida exige mais contexto, opiniões reais, experiência prática, os usuários recorrem a prova social.

Reddit, YouTube e fóruns

Muitos usuários ainda sentem a necessidade de validar as informações oferecidas pelos resumos de IA com pessoas reais. E onde eles encontram isso?

  • Reddit: o fórum se destaca como principal destino para validação de experiências pessoais, opiniões honestas e “insights de bastidores”.
  • YouTube: vídeos demonstrando o uso de produtos, tutoriais ou reviews conquistam quem precisa “ver para crer”.
  • Fóruns especializados: em nichos técnicos ou sensíveis (como saúde, finanças ou tecnologia), os fóruns ainda são espaços valiosos para discussões aprofundadas.

Esses canais ganharam destaque justamente por oferecerem algo que a IA não entrega: prova social, humanidade e contexto real. Cerca de 18% dos cliques pós resumo de IA vão para uma destas redes, sendo que no mobile, o uso de Reddit e YouTube, por exemplo, é ainda mais expressivo entre usuários de 25 a 34 anos.

Novas métricas e KPIs para o SEO

O que se entende por “ter resultado em SEO” mudou. Durante anos, o clique foi a principal métrica para medir o sucesso. Hoje ele ainda conta, porém, a nova moeda do SEO é a visibilidade.

Métricas de visibilidade vs. cliques

Antigamente, um bom ranqueamento levava a um bom volume de tráfego, e consequentemente, a uma boa visibilidade de marca. Hoje, isso não é mais garantido. Os resumos gerados pela nova IA do Google entregam a resposta direto na SERP e a jornada do usuário pode terminar sem nenhum clique.

Diante disso, surgem novas formas de medir performance:

  • Impressões no AIO: quantas vezes sua marca aparece nos painéis gerados por IA.
  • Posição dentro do painel: aparecer no topo do resumo gerado por IA é equivalente à posição 1 da SERP clássica.
  • Share of Voice: frequência e destaque com que sua marca é mencionada nos resultados da página.

Esses indicadores ajudam a medir o posicionamento de mercado da marca na busca, mesmo quando os cliques não acompanham.

O fim da obsessão pela primeira posição

A posição #1 no Google ainda tem valor, mas não é mais o trono absoluto da SERP. O novo topo da hierarquia de atenção é o resumo de IA. E nesse contexto, o que importa é:

  • Ser citado dentro do AIO
  • Aparecer no início do painel
  • Inspirar confiança imediata

A lógica mudou: a autoridade vem antes da relevância. O usuário olha primeiro para quem está sendo citado, e depois decide se vai confiar e clicar. Por isso, aqui na MO4, adotamos uma mentalidade de construção de autoridade por meio de conteúdo estratégico, e não apenas o ranqueamento de palavras-chave sem propósito ou estratégia.

Para todos os profissionais de SEO, é preciso uma mudança de mindset: menos foco em ranqueamento bruto, mais foco em presença qualificada e visibilidade estratégica.

Estratégias práticas de otimização

Com a IA assumindo o protagonismo na busca, profissionais de SEO precisam recalcular suas estratégias. O objetivo agora não é só aparecer nos resultados orgânicos tradicionais, mas também conquistar espaço nos resumos e destaques de IA.

Para isso é preciso considerar também as práticas de AEO (Answer Engine Optimization) e GEO (Generative Engine Optimization), que são abordagens complementares ao SEO tradicional, focadas na otimização para estas novas ferramentas de IA.

Otimização para aparecer nos resumos de IA

A presença nos resumos gerados por IA do Google não é garantida, mas existem formas de otimizar os conteúdos para aumentar as chances de conquistar este espaço. Algumas das práticas incluem:

  • Conteúdo direto ao ponto, com respostas claras logo no início do texto
  • Uso de FAQ com linguagem natural, respondendo perguntas como o usuário buscaria
  • Uso de dados estruturados (schema.org) para facilitar a indexação e atribuição de respostas
  • Parágrafos curtos e bem segmentados, com subtítulos e listas
  • Use blocos visuais claros: bullets, caixas de destaque, tabelas
  • Trabalhe a concisão sem perder a densidade informativa
  • Destacar termos e respostas-chave nos primeiros parágrafos
  • Otimize o “above the fold”: o que aparece primeiro precisa conter o essencial

Além disso, invista em posicionamento estratégico de marca: quanto mais reconhecível ela for antes mesmo da busca, maior a chance de ser priorizada pela IA.

Reavaliação da jornada de aquisição digital

A jornada do usuário mudou, ela está mais curta, mais direta, e em muitos casos, termina dentro da SERP. Neste cenário, é preciso pensar em novas abordagens:

  • Menos foco em funil tradicional, mais foco em micro-momentos de confiança
  • Otimização do que aparece no Google, mesmo que não leve ao clique
  • Entendimento de que a primeira impressão agora acontece no resumo de IA

Pode parecer contraditório, mas mesmo com a queda no tráfego orgânico, a produção de conteúdo é mais relevante do que nunca. É ela que posiciona o site, constrói autoridade e insere a marca nos espaços que realmente importam na nova dinâmica da busca.

Conclusão

O tráfego orgânico como conhecíamos, está em transformação. Quem não se adapta, perde a relevância. Neste novo cenário, é preciso contar com estratégias atualizadas e completas de SEO, AEO e GEO para construir autoridade e visibilidade.

Se sua empresa quer manter presença forte e estratégica no Google e ferramentas de IA, conte com a MO4. Desenvolvemos soluções completas de SEO com foco em resultados, visibilidade de marca e otimização para IA.

Fonte:

INDIG, K. The first-ever UX Study of Google’s AI Overviews: The Data We’ve All Been Waiting For. 2025.

Compartilhe
Raísa Fabel
o autor

Raísa Fabel

Analista de SEO e estrategista de conteúdo na MO4.

Este site utiliza cookies que salvam seu histórico de uso. Para saber mais, leia a nossa política de privacidade
Preencha com os seus dados para iniciar uma conversa com nossos especialistas:
Ao prosseguir você declara estar de acordo termos de política de privacidade deste site.