O que a IA mudou na busca do Google
A entrada da inteligência artificial nos mecanismos de busca transformou de forma significativa a maneira como os usuários interagem com os resultados. Vivemos uma nova dinâmica de pesquisa: existem novas formas de buscar no Google, e essa é a maior mudança comportamental da história da busca online. Os impactos já são sentidos tanto pelos usuários quanto por sites e profissionais de SEO.
Como a IA mudou a estrutura da SERP
Uma das mudanças mais visíveis trazidas pela IA generativa do Google foi a introdução de resumos automáticos no topo da página de resultados, os chamados AI Overviews, ou visão geral criada por IA. Esses painéis respondem diretamente à dúvida do usuário, alterando a função e o design da página de resultados (SERP). O clique, que antes era o próximo passo natural, agora se tornou opcional.
Para o usuário, a mudança é prática: as respostas vêm prontas, sem necessidade de acessar um site. Para sites e marcas, isso representa uma ruptura no modelo tradicional de tráfego orgânico, e exige uma reavaliação completa das estratégias de aquisição digital.
O papel das respostas geradas por IA (AI Overviews)
As respostas automáticas geradas pela IA do Google estão no centro dessa transformação. Isso porque, ao oferecer resumos instantâneos e autoexplicativos no topo da página, o Google deixa de ser apenas uma ponte entre usuário e conteúdo, e se torna curador e (em muitos casos) o destino final da jornada de busca.
Novas formas do buscar no Google
De acordo com a pesquisa The first-ever UX Study of Google’s AI Overviews: The Data We’ve All Been Waiting For realizada por Kevin Indig em 2025, 88% dos usuários clicam para expandir os resumos gerados por IA, mas poucos chegam ao final da leitura. A atenção se concentra nos primeiros 30% do conteúdo, isso significa que, se sua marca não aparece logo no início, ela dificilmente será percebida.
Mais do que cliques, agora o que importa é aparecer e ser reconhecido. Entramos na era da “visibilidade sem visita”.
Redução de cliques e crescimento das zero-click searches
A chegada das respostas geradas por IA tornou real uma tendência que já preocupava o mercado: a explosão das zero-click searches, buscas em que o usuário encontra sua resposta diretamente na SERP, sem precisar clicar em nenhum resultado externo. Agora, com a IA generativa do Google oferecendo respostas completas, o clique virou exceção.
Segundo o estudo, a presença dos painéis de IA derruba drasticamente os cliques em links tradicionais. No desktop, a taxa de cliques para fora do Google cai até dois terços quando há um resumo de IA visível. No mobile, a queda também é significativa, chegando a quase metade dos cliques perdidos.
Mas, calma! Isso não é motivo para pânico e muito menos para falar mais uma vez que o “SEO morreu”, muito pelo contrário. Criar conteúdo otimizado se tornou ainda mais estratégico.
O comportamento do usuário na era da IA
Com resumos automáticos cada vez mais completos, o que antes era um processo de exploração se transformou em uma experiência de escaneamento rápido, decisão precoce e menos engajamento com conteúdos externos.
Comportamento de leitura
A leitura nos painéis de IA é predominantemente superficial. O estudo mostra que 86% dos usuários apenas “passam os olhos” pelos conteúdos. O padrão dominante é o da leitura fragmentada, feita em poucos segundos. Em média, os usuários gastam entre 30 e 45 segundos nos resumos, mas apenas 30% chega a rolar até metade do painel.
O recado é claro: ninguém está lendo tudo. O comportamento digital atual é de escaneamento por blocos, em busca de respostas rápidas e confiáveis (isso já é uma dica do que as otimizações de conteúdo devem priorizar!).
Como os usuários consomem conteúdos gerados por IA
Os AI Overviews são tratados como fontes de decisão, não de descoberta. A maioria dos usuários conclui suas tarefas dentro do próprio resumo de IA ou apenas com uma checagem rápida em fóruns ou vídeos.
Além disso, quanto maior o risco da decisão (como finanças ou saúde), maior a tendência de o usuário buscar validação externa. Mas mesmo nesses casos, a resposta da IA generativa é o primeiro filtro, e influencia fortemente a decisão.
Preferências dos usuários
A forma como a informação é apresentada faz toda a diferença. O que chama mais atenção?
- Bullets organizados
- Tópicos destacados
- Blocos curtos com linguagem simples
- Citações visíveis no topo
Esse formato agrada especialmente usuários mais jovens e mobile-first, que já estão habituados a navegar por feeds, cards e resumos. O estudo mostra que quanto mais visual e objetivo o conteúdo, maior a chance de engajamento e confiança.
Para marcas, isso significa que conteúdos longos e técnicos devem ser quebrados em blocos, marcados com dados estruturados (schema) e otimizados para leitura rápida se quiserem ter alguma chance de aparecer (e influenciar) nos resumos da IA.
A nova hierarquia de decisão do usuário
Na nova era da busca, a forma como o usuário toma decisões mudou. Antes, a lógica era linear: buscar, clicar, comparar, decidir. Agora, o que vemos é uma jornada mais curta, com múltiplas fontes sendo consideradas ao mesmo tempo, dentro e fora do Google.
Jornada mais curta
Muitos usuários nem chegam a rolar a tela, e cerca de 70% das decisões são tomadas com base apenas nos primeiros blocos visíveis das repostas geradas por IA. Isso significa que para muitas buscas, o clique foi substituído pela leitura superficial e imediata do resumo gerado por IA.
Mesmo em buscas comerciais, os usuários resolvem suas dúvidas de forma mais rápida, recorrendo ao que está à mão: IA, destaques visuais e, no máximo, uma validação pontual em uma fonte confiável (como Reddit ou YouTube). O resultado é menos tempo em busca, menos navegação e mais decisões “na primeira impressão”.
Confiança distribuída em múltiplas fontes
Outro dado valioso do estudo é a nova lógica mental que guia o usuário na hora de escolher em quem confiar. A tomada de decisão agora segue dois filtros, em ordem:
- “Eu confio nessa fonte?”
- “Isso responde minha pergunta?”
A confiança se tornou o primeiro critério e ela é construída de forma distribuída. O usuário avalia:
- Se a fonte citada no resumo de IA é confiável (é um .gov, uma marca conhecida, um portal de autoridade?)
- A reputação da marca no imaginário coletivo (já ouvi falar?)
- A presença em outros canais (Reddit, YouTube, fóruns)
- A clareza e segurança da resposta
Isso cria um ambiente em que nenhuma fonte domina sozinha a decisão. Mesmo que a IA do Google apresente uma boa resposta, o usuário ainda pode buscar uma validação humana, um vídeo com demonstração ou uma opinião “de verdade” em fóruns.
Estamos diante de um novo padrão de comportamento: decisão por confirmação cruzada.
Diferenças demográficas
O comportamento digital de busca também varia de acordo com a idade. Usuários entre 25 e 34 anos, especialmente os que utilizam dispositivos móveis, são os mais adaptados ao novo formato de buscas com IA. Eles confiam nos resumos de IA, tomam decisões rápidas e preferem respostas visuais e diretas. Neste grupo, estes resumos são o ponto final da jornada.
Já entre usuários com 45 anos ou mais, o comportamento é bem diferente. Eles tendem a confiar menos em respostas automatizadas, priorizando links tradicionais, domínios de autoridade e resultados orgânicos clássicos. Esse grupo ainda navega pela SERP como antes: compara, clica, lê com mais profundidade e valida as informações em várias fontes.
Por que isso importa?
Essas diferenças ajudam a entender melhor o comportamento do usuário e a guiar as estratégias de conteúdo e SEO com mais precisão. Não dá mais para apostar em uma abordagem única; são muitas mudanças desde a transformação da SERP, até a mudança radical do comportamento dos usuários. É preciso segmentar por perfil demográfico, entender o que cada público mais valoriza na experiência de busca.
O impacto real das respostas geradas por IA no tráfego orgânico
As respostas geradas por IA estão drenando o tráfego orgânico, e a nova dinâmica da SERP mudou o papel dos sites na jornada do usuário. A visibilidade orgânica ainda é essencial, mas agora, as métricas e a relação dos usuários com as informações são diferentes.
Queda no tráfego: o que está acontecendo?
A exibição dos painéis de IA reduz a taxa de cliques para fora do Google por oferecer a resposta da busca diretamente na SERP. Isso significa que mesmo que o conteúdo esteja lá, ranqueado, citado ou referenciado, ele pode não gerar nenhuma visita.
Mas isso não significa que estar presente nos painéis de IA é irrelevante. Pelo contrário: estar visível é uma das coisas mais importantes neste novo cenário, mas medir apenas cliques e CTR já não é deficiente para avaliar os resultados. É hora de adotar uma nova lógica de mensuração, mais voltada à visibilidade, autoridade e influência, e menos dependente da métrica tradicional de acessos.
A ascensão dos canais de validação comunitária
Mesmo com a popularidade da nova inteligência artificial do Google, que agora responde diretamente na SERP, os usuários continuam buscando validação humana. Quando a dúvida exige mais contexto, opiniões reais, experiência prática, os usuários recorrem a prova social.
Reddit, YouTube e fóruns
Muitos usuários ainda sentem a necessidade de validar as informações oferecidas pelos resumos de IA com pessoas reais. E onde eles encontram isso?
- Reddit: o fórum se destaca como principal destino para validação de experiências pessoais, opiniões honestas e “insights de bastidores”.
- YouTube: vídeos demonstrando o uso de produtos, tutoriais ou reviews conquistam quem precisa “ver para crer”.
- Fóruns especializados: em nichos técnicos ou sensíveis (como saúde, finanças ou tecnologia), os fóruns ainda são espaços valiosos para discussões aprofundadas.
Esses canais ganharam destaque justamente por oferecerem algo que a IA não entrega: prova social, humanidade e contexto real. Cerca de 18% dos cliques pós resumo de IA vão para uma destas redes, sendo que no mobile, o uso de Reddit e YouTube, por exemplo, é ainda mais expressivo entre usuários de 25 a 34 anos.
Novas métricas e KPIs para o SEO
O que se entende por “ter resultado em SEO” mudou. Durante anos, o clique foi a principal métrica para medir o sucesso. Hoje ele ainda conta, porém, a nova moeda do SEO é a visibilidade.
Métricas de visibilidade vs. cliques
Antigamente, um bom ranqueamento levava a um bom volume de tráfego, e consequentemente, a uma boa visibilidade de marca. Hoje, isso não é mais garantido. Os resumos gerados pela nova IA do Google entregam a resposta direto na SERP e a jornada do usuário pode terminar sem nenhum clique.
Diante disso, surgem novas formas de medir performance:
- Impressões no AIO: quantas vezes sua marca aparece nos painéis gerados por IA.
- Posição dentro do painel: aparecer no topo do resumo gerado por IA é equivalente à posição 1 da SERP clássica.
- Share of Voice: frequência e destaque com que sua marca é mencionada nos resultados da página.
Esses indicadores ajudam a medir o posicionamento de mercado da marca na busca, mesmo quando os cliques não acompanham.
O fim da obsessão pela primeira posição
A posição #1 no Google ainda tem valor, mas não é mais o trono absoluto da SERP. O novo topo da hierarquia de atenção é o resumo de IA. E nesse contexto, o que importa é:
- Ser citado dentro do AIO
- Aparecer no início do painel
- Inspirar confiança imediata
A lógica mudou: a autoridade vem antes da relevância. O usuário olha primeiro para quem está sendo citado, e depois decide se vai confiar e clicar. Por isso, aqui na MO4, adotamos uma mentalidade de construção de autoridade por meio de conteúdo estratégico, e não apenas o ranqueamento de palavras-chave sem propósito ou estratégia.
Para todos os profissionais de SEO, é preciso uma mudança de mindset: menos foco em ranqueamento bruto, mais foco em presença qualificada e visibilidade estratégica.
Estratégias práticas de otimização
Com a IA assumindo o protagonismo na busca, profissionais de SEO precisam recalcular suas estratégias. O objetivo agora não é só aparecer nos resultados orgânicos tradicionais, mas também conquistar espaço nos resumos e destaques de IA.
Para isso é preciso considerar também as práticas de AEO (Answer Engine Optimization) e GEO (Generative Engine Optimization), que são abordagens complementares ao SEO tradicional, focadas na otimização para estas novas ferramentas de IA.
Otimização para aparecer nos resumos de IA
A presença nos resumos gerados por IA do Google não é garantida, mas existem formas de otimizar os conteúdos para aumentar as chances de conquistar este espaço. Algumas das práticas incluem:
- Conteúdo direto ao ponto, com respostas claras logo no início do texto
- Uso de FAQ com linguagem natural, respondendo perguntas como o usuário buscaria
- Uso de dados estruturados (schema.org) para facilitar a indexação e atribuição de respostas
- Parágrafos curtos e bem segmentados, com subtítulos e listas
- Use blocos visuais claros: bullets, caixas de destaque, tabelas
- Trabalhe a concisão sem perder a densidade informativa
- Destacar termos e respostas-chave nos primeiros parágrafos
- Otimize o “above the fold”: o que aparece primeiro precisa conter o essencial
Além disso, invista em posicionamento estratégico de marca: quanto mais reconhecível ela for antes mesmo da busca, maior a chance de ser priorizada pela IA.
Reavaliação da jornada de aquisição digital
A jornada do usuário mudou, ela está mais curta, mais direta, e em muitos casos, termina dentro da SERP. Neste cenário, é preciso pensar em novas abordagens:
- Menos foco em funil tradicional, mais foco em micro-momentos de confiança
- Otimização do que aparece no Google, mesmo que não leve ao clique
- Entendimento de que a primeira impressão agora acontece no resumo de IA
Pode parecer contraditório, mas mesmo com a queda no tráfego orgânico, a produção de conteúdo é mais relevante do que nunca. É ela que posiciona o site, constrói autoridade e insere a marca nos espaços que realmente importam na nova dinâmica da busca.
Conclusão
O tráfego orgânico como conhecíamos, está em transformação. Quem não se adapta, perde a relevância. Neste novo cenário, é preciso contar com estratégias atualizadas e completas de SEO, AEO e GEO para construir autoridade e visibilidade.
Se sua empresa quer manter presença forte e estratégica no Google e ferramentas de IA, conte com a MO4. Desenvolvemos soluções completas de SEO com foco em resultados, visibilidade de marca e otimização para IA.
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